domingo, 7 de outubro de 2018

O Conservadorismo Anglo-Saxão 3 - Os Protagonistas - William Pitt I, o Velho

Will & Ariel Durant História da Civilização
William Pitt I, o Velho, nasceu em 15 de novembro de 1708 em Londres. A situação econômica da sua família, cuja fortuna fora amealhada por Thomas Pitt, o seu avô, que enriquecera na Índia, permitiu-lhe desfrutar de uma cuidada educação no Colégio de Eton, no Trinity College, na Universidade de Oxford e na Universidade de Utrecht, Países Baixos.

Ingressou na vida política em 1735, como membro da Câmara dos Comuns. Defendeu a tese de que o poderio marítimo e as possessões coloniais seriam mais importantes para seu país do que as conquistas européias, por serem as colônias a base do sistema comercial britânico. Liderou, por seus dotes oratórios, a corrente dos "patriotas" contra o pacifismo de Sir Walpole e contribuiu para a queda do seu ministério em 1742, além de opor-se à política do rei Jorge II. Este o afastou mediante sua nomeação para cargos executivos na administração, nos quais adquiriu fama como homem honesto.
Retornou à vida política pela pressão da opinião pública ante as primeiras derrotas britânicas na Guerra dos Sete Anos contra a França (1756 a 1763) (perda de Menorca e Calcutá). De início a Inglaterra estava muito debilitada, todavia fortaleceu-se em 1757, quando William Pitt e o duque de Newcastle, numa combinação de experiência e entusiasmo, formaram um ministério dominado pelo primeiro. No poder, Pitt aplicou a tática de enfrentar a França em suas colônias e no mar, o que conduziu à vitória britânica. Dessa época data também o domínio britânico sobre o Canadá. A morte de Jorge II, em 1760, mudou a situação política, já que seu sucessor, Jorge III, decidiu reinar de forma pessoal. Pitt deixou o governo em 1761, quando o rei e o Parlamento rejeitaram seu conselho para atacar a Espanha. Criticou fortemente o Tratado de Paris (1763), apesar de garantir à Grã-Bretanha a situação de potência dominante.

No segundo período à frente do governo, entre 1766 e 1768, foi feito visconde de Pitt e conde de Chattam. Defendeu com sucesso a resistência dos colonos americanos à Lei do Selo (Stamp Act), vindo a conseguir a anulação da mesma, numa tentativa de sustar as medidas que levariam à guerra de independência americana. O rei Jorge III atribuiu-lhe a liderança de um governo não-partidário para tentar resolver as tensões criadas entre a metrópole e a colónia; contudo, o seu segundo ministério falhou, vindo a desintegrar-se em 1768. Em 1778, na Casa dos Lordes, proferiu um discurso contra a independência americana que marcou o fim da sua carreira política.
Ao retirar-se da política ativa, encontrava-se abalado física e mentalmente. Pitt morreu em 11 de maio de 1788 em Hayes, Kent. Seu filho, William Pitt II, o Novo, foi um dos mais brilhantes primeiros-ministros da Inglaterra e restabeleceu a prosperidade depois da crise causada pela Guerra da Independência dos Estados Unidos.

Ele podia ser arrogante e obstinado – muito mais do que Jorge III. Sentia-se o guardião propriamente dito do império que havia sido criado sob a sua direção, e quando o rei de fato encontrou o rei de direito, seguiu-se um duelo pelo trono. Pitt era pessoalmente honesto, invulnerável ao suborno que florescia ao seu redor. Contudo, pensava na política apenas em termos de poderio nacional, não permitindo que nenhum sentimento de humanidade viesse desviá-lo da resolução de tornar a Inglaterra uma nação suprema. Era denominado O Grande Membro dos Comuns (The Great Commoner) por ser o homem mais importante da Câmara dos Comuns e não porque pretendesse melhorar a sorte do homem comum. Todavia, levantou-se em defesa dos americanos e do povo da Índia contra a opressão inglesa. Como o rei, ressentia-se das críticas, e não tinha aptidão para esquecer ou perdoar. Não podia servir o rei, a menos que pudesse governa-lo. Demitiu-se do cargo (1761) quando Jorge III insistiu em violar o compromisso com Frederico e fazer uma paz em separado com a França. Se no fim foi vencido, seu inimigo não foi outro senão a gota. 

A influência de Pitt na política inglesa era comparada à influência de Edmund Burke sobre o pensamento na Inglaterra. Pitt desapareceu do cenário em 1778 e Burke nele surgiu em 1761, prendendo a atenção dos homens cultos do país, sem interrupção, até 1794. O fato de ter nascido em Dublin (1729), filho de advogado, pode tê-lo prejudicado na luta para conquistar posição política e poder. 
Will & Ariel Durant, História da Civilização, Vol. 10, A Era de Rousseau

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