domingo, 31 de dezembro de 2023

Romanismo.

Surgiu também uma discussão entre eles, acerca de qual deles era considerado o maior. Lucas 22:24

"(…) A igreja foi em sua origem, um povo de irmãos guiado por irmãos. Todos recebiam a instrução de Deus, e tinham direito de chegar por si mesmos à fonte da divina luz.  João 6:45. As epístolas, que então decidiam das grandes questões de doutrina, não traziam o nome pomposo de um só homem, de um chefe. As Santas Escrituras nos ensinam que se liam simplesmente estas palavras; Os apóstolos, os anciãos, aos nossos irmãos. Atos 15:23.

(...) Os primeiros pastores ou bispos de Roma dedicaram-se cedo à conversão de aldeias e cidades que cercavam esta capital. A necessidade em que se achavam os bispos e pastores da Campanha de Roma de recorrer em casos difíceis a um diretor entendido, e o reconhecimento que deviam à igreja metropolitana, os obrigaram a ficar unidos a ela. Viu-se então o que sempre se tem visto em circunstâncias análogas: esta união tão natural degenerou em dependência. Os bispos de Roma olharam como um direito à superioridade que as igrejas vizinhas lhe haviam concedido. É de usurpações de poderes que a história se compõe em grande parte, sendo que a outra se forma da resistência daqueles cujos direitos foram usurpados. O poderio eclesiástico não podia escapar à propensão que impele o que foi elevado a querer subir ainda mais. Ele seguiu esta lei da humanidade.

Não obstante, a supremacia do bispo romano limitava-se à inspeção das igrejas que se achavam nos territórios submetidos civilmente ao prefeito de Roma. (Veja-se o 6° Canon do Concílio de Nicéia) Mas a graduação que esta cidade de imperadores ocupava no mundo, apresentava à ambição de seu primeiro pastor mais vastos destinos. A consideração de que gozavam no segundo século os bispos da cristandade era proporcionada à consideração da cidade em que residiam. Ora, Roma era a maior, a mais rica e a mais poderosa cidade do mundo Era a capital do império, a mãe dos povos. Todos os habitantes da terra lhe pertencem, disse Juliano e Claudiano a proclamou “a fonte das leis”. 

Se Roma era a rainha das cidades do universo, porque seu pastor não seria a mãe da cristandade? Porque os povos não seriam seus filhos, e sua autoridade sua lei soberana? É fácil ao coração ambicioso do homem fazer tais arrazoados, e a ambiciosa Roma os fez." Jean-Henri Merle d'Aubigné, História da Reforma do Décimo Sexto Século. 

Todavia

Jesus lhes disse: "Os reis das nações dominam sobre elas; e os que exercem autoridade sobre elas são chamados benfeitores.²⁶ Mas, vocês não serão assim." Lucas 22:25,26

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

𝗦𝗵û𝗯 – 𝗡ã𝗼 𝘀𝗲 𝗣𝗲𝗿𝗰𝗮𝗺!

“Quem somos, de onde viemos e para onde vamos.”

Para um Cristão, e não importa a sua classe social ou grau de instrução, não há qualquer dificuldade nestas três perguntas que tanto tem atormentado a sabedoria mundana desde que - dizem os sábios do mundo - o ser humano descobriu que podia pensar racionalmente. 

Da Origem e do Destino

𝗕𝗼𝗮 𝘃𝗶𝗮𝗴𝗲𝗺! Quem nunca ouviu ou proferiu esta famosa frase que mais parece uma benção?! E quem de coração sincero desejou uma boa viagem a alguém que não desejasse ver novamente?! É assim porque toda boa viagem tem por destino final o seu exato ponto de partida -  a nossa casa! Pois uma jornada que não termina em nosso querido lar, não acabou muito bem! Aliás, são mais bem quistos aqueles cuja volta é mais celebrada do que a partida, diria o pai de um certo filho, pródigo, pois houve uma grande festa quando aquele jovem retornou de sua infeliz jornada. 

Não ter destino é na verdade o mais triste dos destinos  - não ter para onde voltar e apenas ir…, ir…,  ir e nunca chegar – isso é se perder!

“Digo a vocês que, assim, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” Lucas 15:7 

“Shûb, que é a palavra hebraica mais comum para conversão, significa volver, voltar-se, virar e retornar, (…) A palavra mostra claramente que aquilo que o Antigo Testamento denomina ‘conversão’ é uma volta para Deus, de Quem o pecado separou o homem.” Teologia Sistemática Louis Berkhof p. 443 

“Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos (שׂוב shûb) para mim, e eu me tornarei (שׂוב shûb) para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos; (...)” Malaquias 3:7

Já no grego do Novo Testamento, em sentido muito semelhante encontramos  “επιστρεφω” “epistrepho”:  “Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres (epistrepho), fortalece os teus irmãos”. Lucas 22:32 Disse o Senhor ao discípulo que iria negá-lo três vezes. 

Um bom sentido para uma viagem é sentir saudades do que verdadeiramente prezamos e deixamos para trás, pois assim, valorizamos o lugar ao qual pertencemos.

“Lembra-te da palavra que deste a Moisés, teu servo, dizendo: Quando vós transgredires, eu vos espalharei pelos povos: Mas se vós vos (shûb)  converterdes a mim, e guardardes os meus preceitos, e os cumprirdes, ainda quando vos tenhais sido espalhados até as extremidades do mundo, eu vos ajuntarei desses países, e eu  vos reconduzirei ao lugar que eu escolhi para nele habitar o meu nome.” Neemias 1;8-9

Pensemos naquela que talvez, seja a mais das extraordinárias jornadas de volta no âmbito da natureza. 

A Quantidade água no planeta, também diz a ciência, nunca se altera.

"Todos os ribeiros vão para o mar, e, contudo, o mar não se enche; para o lugar para onde os ribeiros vão, para aí tornam (shûb) eles a ir." Eclesiastes 1:7

As gotas de chuva que caem do céu são pequeninas porções de água, pedacinhos de mar  retirados da vastidão dos oceanos para onde todo riacho corre. Por sempre buscar os lugares mais baixos já disseram que a água é a mais humilde das substâncias, e no entanto, essencial, pois sem água nada vivo existiria (humildade e exaltação, sempre de mãos dadas).  Estas porções de água,  numa espécie de transcendência são evaporadas pelo sol,  aparentemente mortas, reduzidas a fumo, leve, são nuvem agora, peregrinas, vagando em alta velocidade por lugares indeterminados até que retornem ao seu estado líquido. Em forma de chuva, cada pequena porção de água será pulverizada em vários pontos diferentes deste grande planeta. Ainda que uma seja despejada no pico da mais alta montanha e outra no meio do mais árido deserto ou ainda que mate a sede de um ser vivente, por diversos que sejam seus destinos e seu estado provisórios e por maior que seja o tempo de sua peregrinação, nada deterá a sua inexorável marcha de volta ao grande Oceano a que pertencem, sua humildade lhe colocará sempre em busca do grande mar. “(…) as águas estavam sobre os montes; à tua repreensão, fugiram; à voz do teu trovão, se apressaram. Subiram aos montes, desceram aos vales, até ao lugar que para elas fundaste.”  Salmos 104:6-8.

Assim são aqueles bem aventurados, escolhidos pelo Imutável Deus  desde a fundação do mundo. 

Infeliz do homem que acreditar ter encontrado a felicidade e o seu destino neste lugar provisório, onde deve viver como um estrangeiro de passagem, onde a água volta ao mar e o pó volta ao pó. Somos homens, criados por Deus a sua imagem e semelhança, peregrinos nesta terra, e isso já sabemos, de onde viemos e para onde devemos ir é na prática  uma só pergunta porque apenas uma é a resposta:

“Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai”, Lc 15.18.” 

— Mas cuidado!

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” João 14:6 

Portanto crianças, shûb - não se percam! 

𝕾𝖔𝖑𝖎 𝕯𝖊𝖔 𝕲𝖑𝖔𝖗𝖎𝖆 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Os Fascistas e os Hereges, de fato

 "Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado"

A despeito do conhecidíssimo lema, outro dia um grupo de baderneiros esquerdistas chamavam de Fascistas aqueles que deliberavam democraticamente no parlamento paulistano sobre a desestatização de uma empresa pública, isso porque eles, os esquerdistas lutam para que Tudo esteja no Estado e dessa forma que nada esteja fora do Estado e nada seja contra o Estado . É risível, cômico, trágico!

"𝐀𝐜𝐮𝐬𝐞-𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜ê 𝐟𝐚𝐳, 𝐜𝐡𝐚𝐦𝐞-𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜ê é" 

Mas quem lê atentamente a história da Igreja, percebe que este malígno modus operandis não é tão recente e restrito quanto afirmam aqueles que refletem sobre a política e as ideologias modernas, pois aquele que também observa atentamente constata  que o adjetivo "Hereges" é usado com as mesmas frequência,  inabilidade e/ou desonestidade intelectual por aqueles que também acusam os outros daquilo que fazem. 

Por exemplo, quantos daqueles que adoram acusar os reformados de hereges leram Ireneu de Lion, o piedoso pai da Igreja do 2° século autor de "Contra as Heresias"? 

"9,1. Vês, portanto, amigo caríssimo, as invenções a que põem mãos para seduzir a si mesmos, malversando as Escrituras e os esforços que fazem para dar consistência a seus fantasmas.. "

Ora, Irineu de Lion, Contra as Heresias, se fundava nas Escrituras. 

Por outro lado, quem já leu nas Sagradas Letras algo sobre Homens infalíveis, purgatórios, sucessão apostólica, corredentores...?! 

A proclamação da Palavra de Deus é salvadora, ela aponta os erros na vida dos que a ouvem para que se convertam aos caminhos de Deus. O Estudo das Sagradas Escrituras nos habilita a confirmar quem de fato é o Mestre na igreja que frequentamos, e assim permanecermos Nesta Verdade que é o Caminho e a Vida: 

𝕹𝖔𝖘𝖘𝖔 𝕾𝖊𝖓𝖍𝖔𝖗 𝖊 𝕾𝖆𝖑𝖛𝖆𝖉𝖔𝖗 𝕵𝖊𝖘𝖚𝖘 𝕮𝖗𝖎𝖘𝖙𝖔  - 𝖔 𝕷𝖎́𝖉𝖊𝖗 𝖎𝖓𝖋𝖆𝖑𝖎́𝖛𝖊𝖑 𝖉𝖊 𝖘𝖚𝖆 𝖎𝖌𝖗𝖊𝖏𝖆. 

¹⁴ Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste¹⁵ e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.¹⁶ Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça ¹⁷ a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. 2 Timóteo 3:14-17

 𝕾𝖔𝖑𝖆 𝕲𝖗𝖆𝖙𝖎𝖆, 𝕾𝖔𝖑𝖆 𝕱𝖎𝖉𝖊, 𝕾𝖔𝖑𝖚𝖘 𝕮𝖍𝖗𝖎𝖘𝖙𝖚𝖘, 𝕾𝖔𝖑𝖆 𝕾𝖈𝖗𝖎𝖕𝖙𝖚𝖗𝖆, 𝕾𝖔𝖑𝖎 𝕯𝖊𝖔 𝕲𝖑𝖔𝖗𝖎𝖆 

 A salvação é pela Graça de Deus somente, através da Fé somente, em Cristo somente, como revelado nas Sagradas Escrituras somente e para a Glória de Deus somente!

 


domingo, 10 de dezembro de 2023

A Invasão Vertical dos Bárbaros e a Agonia de nossa Civilização

 

                                                                        Asier Sanz Nieto


A Valorização da Memória Mecânica 

(...) "Em um exame numa faculdade de Filosofia, foram aprovados ou reprovados os candidatos consoante sabiam dizer o ano, o dia da semana em que nascera um filósofo, em que data fora lançado o seu primeiro livro, em que jornal escreveu um artigo em defesa de sua obra, e perguntas semelhantes quase todas. E se a resposta não condizia com os fatos, as reprovações eram inevitáveis, e o foram em massa. Desse modo fechavam-se as portas a muitos desejosos de se dedicarem à filosofia. Mentes que poderiam amanhã contribuir para elevar o grau de cultura de um povo eram desde logo alijadas. Quem conhece psicologia sabe muito bem que estragos emocionais produzem essas reprovações injustas. Se nos mais fortes são capazes de impulsionar a romper a estupidez de tais mestres, e a projetar-se decididamente para frente, nos mais fracos sepultam todas as esperanças e todos os estímulos.

A valorização da memória mecânica tem levado a uma valorização também exagerada da cibernética, na qual se colocam esperanças desmedidas.

Ninguém pode negar que a cibernética poderá auxiliar extraordinariamente o homem de ciência, no referente à parte que corresponde à memória mecânica. Ela poderá suprir as deficiências nesse setor, já que é comum aos mais inteligentes serem desprovidos dos mais acentuados graus de memória mecânica. Mas jamais a cibernética superará a memória eidética, nem a criação de ideias, nem a dialética bem entendida. Ela é um auxiliar de grandes recursos, mas num âmbito determinado. Pretender que ela possa substituir totalmente o cérebro humano é a mais tola ideia que poderia surgir, e uma manifestação de barbarismo intelectual da pior espécie. Contudo, não são poucos os que pensam assim."

Mário Ferreira dos Santos - Invasão Vertical dos Bárbaros. 

"O declínio paralelo da Teologia e da Antropologia conduz a pensar que uma das funções da Ideia de Deus é a de fornecer um princípio para a preservação do homem. A "morte de" Deus, de que alguns se regozijam, arrisca-se, fortemente, de ser acompanhada pela morte da humanidade enquanto humanidade. A civilização técnica de nossa época, abandonada ao livre jogo dos determinismos mecanicistas, não respeita nenhuma imagem reguladora do ser humano. Esta civilização, que devia realizar o benefício do homem, é em realidade uma civilização sem o homem."

Georges Gusdorf - A Agonia de Nossa Civilização.


domingo, 3 de dezembro de 2023

Humildade - A Primeira das Boas Aventuranças - Mt. 5,3


O que diz, então, o Senhor? 

“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.” Mt 5,3. 

"Lemos na Sagrada Escritura acerca da cobiça dos bens temporais que “Tudo é vaidade e presunção dos espíritos”. Ecl 1,14. Ora, presunção de espírito quer dizer orgulho e arrogância. Assim é dito, frequentemente, dos orgulhosos que estão cheios de si. Com razão, pois, a palavra “espírito” também significa vento (Vento: spiritus, no latim). De fato, está escrito: “O fogo, o granizo, a neve, a geada, o vento  das tempestades”. Sl 148,8  Na verdade, quem ignora que se diz dos soberbos que eles estão inchados como se estivessem cheios de vento? Isso levou o Apóstolo a dizer: “A ciência incha; é a caridade que edifica”. 1Cor 8,1.  Logo, com razão se entende aqui que são pobres de espírito os humildes e tementes a Deus, isto é, os desprovidos de todo espírito que incha. Essa bem-aventurança não poderia ter sido iniciada de outro modo, porque ela deve fazer-nos chegar à suma sabedoria, e que: “O princípio da sabedoria é o temor de Deus” Jo 28.28. Enquanto, pelo contrário, “O princípio de todo o pecado é a soberba” Eclo 10,15, Pv 16.18-19. Desse modo, que os soberbos apeteçam e procurem os reinos da terra, mas “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Mt 5,3.  Agostinho de Hipona - O Sermão da Montanha

" O Pão nosso de cada dia nos dai hoje Senhor" 

"A vida que Deus entregou é concedida não de uma vez, mas a cada momento, continuamente, pela operação incessante de Seu grandioso poder. A humildade, o lugar da plena dependência de Deus, é, pela própria natureza das coisas, a primeira obrigação e a virtude mais elevada da criatura, e a raiz de toda virtude. O orgulho, ou a perda dessa humildade, então, é a raiz de todo pecado e mal. Foi quando os anjos agora caídos começaram a olhar para si mesmos com autocomplacência que foram levados à desobediência, e foram expulsos da luz do céu para as trevas exteriores. E também foi quando a serpente exalou o veneno do seu orgulho, o desejo de ser como Deus, no coração de nossos primeiros pais, que eles também caíram da sua posição elevada para toda a des-graça na qual o homem está, agora, afundado. No céu e na terra, orgulho — auto-exaltação — é a porta, o nascimento e a maldição do inferno.

Por isso, nossa redenção tem de ser a restauração da humildade perdida, o relacionamento original e o verdadeiro relacionamento da criatura com seu Deus. E, portanto, Jesus veio trazer a humildade de volta à terra, fazer-nos participantes dessa humildade e, por ela, nos salvar. Nos céus, Ele se humilhou para tornar-se homem. Nós vemos a humildade nEle ao se dominar a Si mesmo nos céus; Ele a trouxe, de lá. Aqui na terra, "a Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz". Sua humildade deu à Sua Morte o valor que ela hoje tem e, então, se tornou Nossa Redenção. "ANDREW MURRAY - HUMILDADE A BELEZA DA SANTIDADE 

Então, disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me; Mateus 16:24

"Jesus havia dito a eles sobre a sua cruz; agora Ele fala sobre as próprias cruzes dos discípulos. Agora eles podem ponderar novamente se poderiam e queriam segui-lo. Com mais informação a respeito de seu destino, a questão foi novamente colocada diante deles, se eles O seguiriam ou O abandonariam. Se eles continuassem a ser seus seguidores, deveriam ser como carregadores de cruz e negadores de si mesmos. Essas condições não mudaram." Charles Spurgeon Comentários a Mateus - A Narrativa do Rei, p. 343

Derek Prince em seu famoso sermão sobre o Jejum, nos ensina que não devemos pedir a Deus, humildade: " ... a responsabilidade pela humilhação é nossa. Não podemos transferi-la ao Senhor. Pedir a Ele que nos faça humildes não é bíblico, porque a resposta do Pai na Palavra é sempre "Humilhai-vos". 

E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado. Mateus 23:12

Ou a Humildade é a virtude dos humildes ou é humilhação como castigo dos que se exaltam. Tomas de Aquino explica: 

"PORTANTO, deve-se dizer que como diz Isidoro, “humilde equivale a próximo ao húmus”, ou seja, preso ao que é mais baixo. Isso acontece de dois modos c. Em primeiro lugar, por um princípio extrínseco, quando, por exemplo, alguém é rebaixado por outrem, e então a humildade tem caráter de castigo. - Em segundo lugar, por um princípio intrínseco. E isso pode ocorrer, às vezes, em bom sentido, quando, por exemplo, alguém, à vista dos próprios defeitos, se considera pequeno, como Abraão, ao confessar a Deus: “Vou ousar falar ao meu Senhor, eu que não passo de pó e cinza”. E, nesse caso, a humildade é uma virtude. Mas outras vezes, pode ser em mau sentido, quando, por exemplo, “o homem não entende sua dignidade e se compara aos animais insensatos (brutos) e a eles se assemelha."

Suma Teológica Q 161, art. 1

"Semelhantemente vós, jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros e 𝐫𝐞𝐯𝐞𝐬𝐭𝐢-𝐯𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐡𝐮𝐦𝐢𝐥𝐝𝐚𝐝𝐞, 𝐩𝐨𝐫𝐪𝐮𝐞 𝐃𝐞𝐮𝐬 𝐫𝐞𝐬𝐢𝐬𝐭𝐞 𝐚𝐨𝐬 𝐬𝐨𝐛𝐞𝐫𝐛𝐨𝐬, 𝐦𝐚𝐬 𝐝á 𝐠𝐫𝐚ç𝐚 𝐚𝐨𝐬 𝐡𝐮𝐦𝐢𝐥𝐝𝐞𝐬. 𝑯𝒖𝒎𝒊𝒍𝒉𝒂𝒊-𝒗𝒐𝒔, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte," 1 Pedro 5:5,6 

A visão da glória de Deus produz humildade. 

As estrelas somem quando o sol aparece. 

(Thomas Watson) 


sábado, 2 de dezembro de 2023

Chesterton, Gusdorf e a Revolução Francesa.

O contraste entre as opiniões  de um  escritor católico romano e de um protestante reformado sobre a Revolução em França de 1789.

No fim do século XVIII, duas revoltas vitoriosas – A Guerra de Independência dos EUA e a Revolução Francesa – mudaram a face do mundo. A primeira fundou um país fortemente marcado pela cultura protestante, num grande território em que não era necessário fazer um ajuste de contas com um passado feudal onde floresceu a maior democracia do Ocidente; a segunda pôs fim a uma das mais importantes monarquias da Europa instituindo em seu lugar a França contemporânea, a mesma de maio de 68. 

G.K. Chesterton 

O grande ensaísta inglês discorre no capítulo em referência de Ortodoxia sobre o pensamento moderno: “Se este ponto ainda não está bem esclarecido, um exemplo histórico pode ilustrá-lo. A Revolução Francesa foi, realmente um ato heroico e decisivo, porque os Jacobinos desejavam alguma coisa definida e limitada. Desejavam as liberdades da democracia, mas, também, os vetos dessa democracia. Desejavam ter os votos e não ter os títulos. A república tinha um lado ascético em Franklin ou Robespieere, e um lado expansivo em Danton e Wilkes. Assim criaram alguma coisa com forma e substância sólidas, uma igualdade social niveladora e a riqueza campestre da França. Mas desde então o pensamento revolucionário ou especulativo da Europa tem sido enfraquecido pelo retraimento de qualquer proposta devido aos limites dessa mesma proposta. O liberalismo degenerou em liberalidade. Os homens tentaram converter o verbo transitivo ‘revolucionar’ em verbo intransitivo. O jacobino poderia dizer-nos não só qual era o sistema contra o qual se revoltava, mas também (o que é mais importante) o sistema em que confiava.” Ortodoxia, Ecclesiae, p. 68 

Georges Gusdorf 

As reflexões do pensador reformado aqui também destoam muito do católico romano: “Diferença fundamental, a liberdade americana foi conquistada de um adversário externo, à custa de uma guerra estrangeira, mesmo que existisse no país uma minoria de partidários do estrangeiro, os tories lealistas. Ao contrário, a liberdade francesa teve de ser adquirida num conflito da França com ela própria; a guerra civil precedeu a guerra estrangeira, muito mais terrível na exasperação dos fanatismos opostos. Mais do que isso, em cada consciência se travava uma guerra civil individual, dilacerada entre aspirações contraditórias; entre o fascínio e o pavor, a revolução mobilizava as paixões; ela libertou o instinto de morte inscrito nas profundezas de cada personalidade. Na exasperação do Grande Terror, os revolucionários tornaram-se possessos, divididos entre as obsessões contraditórias do massacre, do sacrifício e do suicídio. Da Revolução Americana nasce uma grande nação fortemente marcada pela cultura protestante, à revolução Francesa, seguiram-se o Terror e sucessivos golpes de Estado…” Georges Gusdorf  – As Revoluções da França e da América – a Violência e a Sabedoria – Editora Nova Fronteira. Pg 49. 

E aqui um bônus de Edmund Burke filho de pai protestante e de mãe católica e que aderiu à fé de seu pai permanecendo um anglicano praticante ao longo de sua vida: 

“Faz agora dezesseis ou dezessete anos desde que vi a Rainha da França, naquela época a Delfina, em Versalhes, e certamente jamais pisou neste globo (olhos), que ela apenas parecia tocar, uma visão mais deliciosa. Vi-a bem acima do horizonte, decorando e alegrando a esfera celeste em que principiou a mover-se – cintilante como a estrela da manhã, cheia de vida, esplendor e alegria. Oh, que revolução! E que coração devo eu ter para contemplar, sem emoção, essa elevação e essa queda! (coação exercida pela turba sobre Luís XVI e Maria Antonieta em Versalhes, fazendo-os voltar a Paris para serem confinados nas Tulherias, sob a vigilância popular, 5 de outubro de 1789). Mal podia eu sonhar, quando, ao lhe tributar títulos de veneração acrescidos aos de um amor entusiasta, distante e respeitador, que ela um dia fosse obrigada a levar escondido em seu seio aquele forte antídoto contra a desgraça. Mal podia eu sonhar que viveria para ver esses desastres recaírem sobre ela em uma nação de homens valorosos, em uma nação de homens honrados e cavalheiros. Pensei que mil espadas seriam logo tiradas de suas bainhas para vingar um olhar sequer que a ameaçasse insultuosamente. Mas a era do cavalheirismo foi-se. Sucedeu-a a dos sofistas, economistas e calculadores, e a glória da Europa extinguiu-se para sempre.”

Will Durand - História da Civilização Vol. 10, Rousseal e a Revolução p. 732.


𝐍𝐨𝐧 𝐇𝐚𝐛𝐞𝐦𝐮𝐬 𝐏𝐚𝐩𝐚𝐦!

"Nada aprendem e nada esquecem... "  Tanto a História como obras dessa índole ☝  são testemunhas e provas de que desde 31 de Outub...