domingo, 10 de dezembro de 2023

A Invasão Vertical dos Bárbaros e a Agonia de nossa Civilização

 

                                                                        Asier Sanz Nieto


A Valorização da Memória Mecânica 

(...) "Em um exame numa faculdade de Filosofia, foram aprovados ou reprovados os candidatos consoante sabiam dizer o ano, o dia da semana em que nascera um filósofo, em que data fora lançado o seu primeiro livro, em que jornal escreveu um artigo em defesa de sua obra, e perguntas semelhantes quase todas. E se a resposta não condizia com os fatos, as reprovações eram inevitáveis, e o foram em massa. Desse modo fechavam-se as portas a muitos desejosos de se dedicarem à filosofia. Mentes que poderiam amanhã contribuir para elevar o grau de cultura de um povo eram desde logo alijadas. Quem conhece psicologia sabe muito bem que estragos emocionais produzem essas reprovações injustas. Se nos mais fortes são capazes de impulsionar a romper a estupidez de tais mestres, e a projetar-se decididamente para frente, nos mais fracos sepultam todas as esperanças e todos os estímulos.

A valorização da memória mecânica tem levado a uma valorização também exagerada da cibernética, na qual se colocam esperanças desmedidas.

Ninguém pode negar que a cibernética poderá auxiliar extraordinariamente o homem de ciência, no referente à parte que corresponde à memória mecânica. Ela poderá suprir as deficiências nesse setor, já que é comum aos mais inteligentes serem desprovidos dos mais acentuados graus de memória mecânica. Mas jamais a cibernética superará a memória eidética, nem a criação de ideias, nem a dialética bem entendida. Ela é um auxiliar de grandes recursos, mas num âmbito determinado. Pretender que ela possa substituir totalmente o cérebro humano é a mais tola ideia que poderia surgir, e uma manifestação de barbarismo intelectual da pior espécie. Contudo, não são poucos os que pensam assim."

Mário Ferreira dos Santos - Invasão Vertical dos Bárbaros. 

"O declínio paralelo da Teologia e da Antropologia conduz a pensar que uma das funções da Ideia de Deus é a de fornecer um princípio para a preservação do homem. A "morte de" Deus, de que alguns se regozijam, arrisca-se, fortemente, de ser acompanhada pela morte da humanidade enquanto humanidade. A civilização técnica de nossa época, abandonada ao livre jogo dos determinismos mecanicistas, não respeita nenhuma imagem reguladora do ser humano. Esta civilização, que devia realizar o benefício do homem, é em realidade uma civilização sem o homem."

Georges Gusdorf - A Agonia de Nossa Civilização.


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