A autoridade da Infalível Palavra de Deus foi o primeiro e fundamental elemento da reforma. Todas as demais reformas efetuadas depois na doutrina, nos costumes, no governo da igreja e no culto, não foram mais do que consequências daquele primeiro fundamento...
Andreas Rudolff Bodenstein von Karlstadt 1486 - 1541, teólogo alemão, vindo da Itália se estabeleceu em Witemberg onde foi nomeado doutor em Teologia, teria dito, mais tarde: “Naquele tempo eu ainda não tinha lido a Santa Escritura”. Esta passagem dá uma ideia muito justa do que era então a teologia”.
Em 18 de Outubro de 1512 Lutero foi recebido como licenciado em teologia, e prestou este juramento:
“Eu juro defender a verdade evangélica com todas as minhas forças”.
No dia seguinte Bondenstein lhe conferiu solenemente, em presença de um numeroso auditório, as insígnias de doutor em teologia. Foi nomeado doutor bíblico, e não doutor das sentenças, e foi chamado assim a consagrar-se ao estudo da Bíblia, e não ao das tradições humanas. Então prestou juramento, como ele mesmo o refere à sua bem-amada e Santa Escritura. Prometeu pregá-la fielmente, ensiná-la com pureza, estudá-la toda a sua vida, e defendê-la, nos debates e com seus escritos, contra todos os falsos doutores, enquanto Deus o ajudasse.
Aquele solene juramento foi para Lutero a sua vocação de reformador. Impondo à sua consciência a santa obrigação de investigar livremente e anunciar com valor a verdade cristã, aquele juramento levou o novo doutor além dos estreitos limites a que o houvera circunscrito talvez o seu voto monástico. Chamado pela universidade, por seu soberano, em nome da majestade imperial e da mesma sede Roma, ligado ante Deus pelo juramento mais sagrado, foi desde então o intrépido pregoeiro da Palavra da vida. Naquele memorável dia Lutero foi armado cavaleiro da Bíblia.
Bem depressa as vozes corajosas de todos os reformadores proclamaram este poderoso princípio, a cujo estrondo Roma se desmoronava:
"Os cristãos não aceitam outra doutrina senão a que se funda sobre a palavra expressa de Jesus Cristo, dos apóstolos e dos profetas. Nenhum homem, nenhuma assembleia de doutores, tem o direito de prescrever outras novas."
J. H. Merle Daubigné, História da Reforma do Décimo Sexto Século, Vol. 1